Que as produções coreanas – Hallyu (a onda coreana se refere à popularização da cultura sul-coreana a partir dos anos 1990) – conquistou o mundo, é inegável. Mas quais fatos históricos levaram esse povo sofrido ao sucesso mundial?
Antes de falarmos sobre o drama coreano inicialmente, precisamos saber um pouco sobre a história da Coréia e, posteriormente, da Coréia do Sul. O território da Coréia – dividido entre o Norte e o Sul em 1950 – tem uma história trágica devido a sua infeliz posição geográfica entre a China e o Japão, dois potências fortes que lutam pelas terras coreanas há mais de 2000 anos. A Coréia foi invadida (pela China, Japão, e também por outros países) e sofreu grandes danos em termos de arte e cultura, com muitos de seus patrimônio histórico depreciado, roubado e até mesmo destruído.
Um dos períodos mais sombrios ocorreu entre 1910 e 1945. Após a invasão e ocupação japonesa da Coréia, houve uma tentativa por parte dos japoneses de forçar a assimilação de sua cultura no território e, portanto, os coreanos foram obrigados a tomar nomes japoneses e a falar a língua japonesa, além de terem proibido qualquer tipo de manifestações culturais típicas coreanas.
As perdas históricas e culturais foram enormes. Devido a isso, surgiu a necessidade de lutar pela preservação da identidade nacional coreana – mais especificamente após a Guerra da Coréia (1950-53), uma identidade nacional sul-coreana que se distanciou da China, do Japão e do comunismo norte-coreano, abraçando quase completamente o capitalismo norte-americano.
Através da música, da dança e do teatro, os coreanos procuraram se conectar com o seu passado histórico. Esta fácil assimilação do meio cultural americano pelos coreanos pode ser explicada como um jogo político. Após ser separado do Norte, mais desenvolvido industrialmente, sofrendo com a superlotação, escassez de recursos governamentais e corrupção. A situação na Coréia do Sul era sombria.
A introdução da cultura americana na Coréia do Sul foi uma consequência natural. Em vários K-Dramas, assistimos ao lanche de personagens em nomes familiares como Subway e/ou Burger King. Eles fazem uso de Iphones e Computadores Apple. Isto não é por acaso.
Esta onda cultural sul-coreana vem da “hibridização cultural”, que é soma das culturas que inclui características de outra com quem teve contato, principalmente das características culturais sul-coreanas com as norte-americanas.
Quando os primeiros televisores chegaram à Coréia, ainda não havia programação local, o que você assistia eram programas americanos.
Nos anos 60, começaram as transmissões regulares de dramas televisivos, mas os K-Dramas não tinha os formatos que tem hoje.
A televisão era um luxo para a maioria das famílias, e o conteúdo do programa era rigorosamente controlado pelo governo militar. “Backstreet of Seoul”, (a primeira transmissão de um Drama em 1962), por exemplo, tinha como principal função educar o público
sobre os problemas da vida urbana cotidiana. Os primeiros dramas foram do tipo histórico e serviam como ferramenta para educar o povo sobre a própria história através de lendas sobre seus heróis épicos.
Em 1969, o governo acabou com a proibição das emissoras de cobrarem pela propaganda de comercial dos anunciantes, o que injetou investimentos na produção e propagação dos K-Dramas, e à medida que mais e mais famílias conseguiam comprar uma televisão, mais os K-Dramas se tornavam uma forma popular de entretenimento.
O romance tornou-se um tema importante com o Drama “Amor e Ambição” (1987). Este drama é considerado um dos mais famosos da televisão sul-coreana, com um recorde de audiência de 78%. Os jornais relatavam que as ruas silenciaram durante a transmissão do drama, já que praticamente todo o país estava em casa em frente à TV. De lá, seguiram-se sucessos de audiência e investimentos recordes em produções. Plataformas de streaming como Viki e Netflix vem popularizando enormemente a abrangência mundial dos , agora chamados “Doramas” (nome dado devido à pronúncia de Drama em japonês, mas abrange produções de origem asiática no geral).
Em 1998, em meio à crise econômica asiática, o presidente da Coréia Kim Dae Jung implementou em seu plano do governo o incentivo financeiro para a produção dos setores cinema, televisão e música, financiando novos talentos no campo do entretenimento. Quaisquer maneiras de difundir a cultura sul-coreana tornaram-se a favor economia, gerando a Onda Coreana (Hallyu), este fenômeno de alcance global. Esse fenômeno é conhecido como Hallyu, expressão que define a onda cultural sul-coreana que vem se espalhando pelos quatro cantos do mundo.